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CAPÍTULO 15

A noite chegou, e como tinha previsto o fluxo de pessoas cessou.
Sai de meu esconderijo e fui até o banheiro, a natureza me chamava. É um banheiro grande, com um enorme vestiário e vários armários de metal, certamente onde os funcionários guardam suas coisas e, entre eles, há vários bancos largos, feitos de madeira.
Sobre um dos bancos um jornal estava esquecido. Peguei-o na esperança de encontrar a matéria onde me acusavam pela morte do amigo de Mari, queria ver mais detalhes sobre o crime ao qual estavam me acusando. O jornal era de outra agencia de notícias, mas, para minha decepção, também apresentava a matéria do assassinato, e a minha foto.
“Briga por relíquia arqueológica motivou o assassinato
A policia diz não ter dúvidas quanto ao autor e a causa que levaram ao assassinato do professor da USP. Segundo a policia de SP, o assassino seria o também professor, Doutor Prawdanski (foto). O crime teria sido motivado pela posse do artefato arqueológico a que o professor assassinado se referiu em sua página pessoal. “A vaidade em se promover no meio acadêmico foi o estopim do crime” disse o delegado encarregado do caso. “Não temos mais nenhuma dúvida quanto ao executor”, completou.
O assassino continua foragido, e a policia pede para que, se alguém tiver alguma informação, deve ligar para o disque denuncia no numero... “
- Filhos da mãe! – Falei jogando o jornal sobre o banco – Que mentirosos!
O jornal caiu aberto bem na pagina com minha foto. A minha frente havia um espelho, comparei-me com a foto, era facilmente reconhecível. Precisava, urgentemente, fazer algo, precisava mudar minha aparência.
Vasculhando no vestiário, encontrei o que precisava para a mudança. De posse dos utensílios, fui para o chuveiro e penosamente comecei minha transformação. Aproveitei para tomar um banho, estava realmente precisando.
Ao sair, procurei novamente o espelho.
Estava muito diferente e... muito feio. Certamente, nem minha mãe me reconheceria, eu próprio não estava me reconhecendo.

***

Ninsun e Gil chegam à porta da caverna. Esta já é uma caverna conhecida, mas havia algo diferente. Ninsun não notara nada, mas Gil sim. Era algo novo para ele, nunca havia sentido nada parecido, tanto que não soube sequer explicar o que sentia para sua mãe.
- Tem algo ali dentro – falou Gil –, e está precisando de ajuda!
- Você está me assustado Gil. Pare de brincadeira!
- Não estou brincando mãe, tem algo lá dentro e eu não sei o que é!
Este é um planeta muito selvagem, Gil pode ter razão, pode existir ai dentro algum animal perigoso, mas precisam de um local para passar a noite, já vai escurecer logo, e fora de um abrigo, poderiam ser facilmente localizados pelos Anunnakis, ainda mais onde estavam. É um local mais quente, e por isso, mais próximo à Eridu, mas é um lugar especial, porque foi ali, nesta caverna que Ninsun deu a luz ao seu filho. Ela própria escolheu este lugar justamente pela temperatura, pois o frio poderia matar Gil que tem uma parte Anunnaki.
Era uma noite de verão, a temperatura estava agradável, porém, como é comum no verão desta parte de Nippur, chovia muito. Ninsun acomodou-se para dormir, havia jantado um pouco de frutas, quando sentiu uma dor muito forte.
- A hora chegou!
Tanto quanto a dor, um enorme medo cresceu dentro de si. Estava sozinha, e iria dar a luz, neste momento sentiu uma ponta de arrependimento de ter fugido, pensou que iria morrer, e começou a chorar.
A dor cada vez aumenta mais, sabia o que tinha que fazer, havia estudado, mas agora não era mais teoria, agora era a vida real. O bebê também não ajudava, já que, é muito grande, maior que um bebê normal de sua espécie, não seria fácil o parto, ela começou a gritar. De repente um relâmpago clareia a entrada da caverna, e ela viu alguns vultos. Eles vêm em sua direção, mas a dor que sente é tão forte que nem se importa com isso. Os seres se aproximam e a examinam a certa distancia, depois falam entre si, Ninsun não consegue entender, e também não os reconhece, são seres de baixa estatura.
As criaturas se aproximam.
Uma segura na mão de Ninsun e a olha ternamente nos olhos, isso traz um pouco de paz, outra vem com uma tigela com água que põe no fogo, logo outra vem com algumas ervas.
Os seres começam com o procedimento do parto, Ninsun não sabe quanto tempo Gil levou para nascer, mas pareceu uma eternidade, certamente não conseguiria dar a luz sozinha. Finalmente o bebê nasceu, e chorou. Uma das kerabulus limpa o recém nascido e o entrega à Ninsun com um sorriso. Ela o pega em seus braços, é um menino e é lindo. Neste momento, ela teve a certeza de que fizera a coisa certa, eles o iriam matar e agora, ele está a salvo em seus braços, a recompensa chegara e era bem maior que ela esperava. Ela abraça o bebê junto ao seu corpo e fala:
- Seu nome será... Gilgamesh!