Image and video hosting by TinyPic

CAPÍTULO 17

Fui para uma pequena cidade no interior de Santa Catarina.
Você pode estar se perguntando, se estou me escondendo, porque falar onde estou. Primeiramente porque quando cito um lugar é porque já faz um bom tempo que já sai dele e estou bem longe, em segundo lugar, porque jamais falarei o nome da cidade, e no mundo, existem muitas.
Uma coisa que se aprende quando se viaja muito é que, normalmente, as cidade tem as mesmas características, igreja, praça, monumento, museu, lojas, hotéis... portanto, mesmo descrevendo detalhes da cidade, ainda assim, será difícil descobrir a qual cidade estou me referindo.
Não foi minha escolha vir para esta cidade de Santa Catarina. Quando sai da fábrica onde raspei os cabelos e a barba, sabia que não poderia ir para rodoviária nem para o aeroporto, então, só me restou pedir carona. E a carona que consegui, foi para esta cidade.
Quem gentilmente me cedeu uma carona, foi com um caminhoneiro que transporta grãos do interior para ser industrializado em uma fábrica da região metropolitana de Curitiba. Conversamos muito durante a viagem, e, aparentemente, não me reconheceu. Parece que minha idéia em mudar a aparência funcionou.
Além de raspar meu cabelo e barba, ainda consegui algumas roupas no vestiário dos funcionários. Eram uniformes da Empresa onde me escondi isso, acredito, ajudou na hora da carona.

***

- O trabalho foi limpo Kalkal? – pergunta o Chanceler.
- Como sempre, Senhor. – Responde Kalkal – O inventor criou seu último protótipo!
Kalkal é o Anunnaki de confiança do Chanceler para realização de trabalhos considerados desagradáveis, mas necessários aos seus planos, como retirar de seu caminho alguém que não esteja agindo de acordo com o esperado. Era o que o Chanceler costumava chamar de “a última alternativa”.
- Excelente – falou o Chanceler -, e o comunicador?
- Recolhido como prova, juntamente com o tigre dente-de-sabre e com os restos de Edi, seu inventor.
- Destrua-o, não posso correr o risco de existirem comunicadores não oficiais em Nippur. Informações são perigosas se não monitoradas. Meus técnicos conseguiram interceptar as mensagens que não continham nada de mais, mas, estavam direcionadas para Nibiru e não quero este tipo de comunicação, pode ser enviada alguma informação que não deveria chegar aos ouvidos de certos Anunnakis e...
A conversa foi interrompida pelo barulho da porta de seu gabinete se abre com uma pancada. Anzu entra arrastando consigo um segurança e a secretária do Chanceler. Está muito exaltado.
- Me deixem, preciso falar com você Chanceler. – Gritou Anzu.
- Podem soltá-lo! – Falou o Chanceler para o segurança que está agora agarrado ao pescoço de Anzu e para sua secretária que vinha arrastada agarrada à sua perna.
- Como ousa liberar a matança de animais nativos? – Gritou Anzu com o dedo apontado para o Chanceler.
Anzu fazia parte de um grupo de ambientalistas de Nibiru.
Já haviam realizado protestos, e todo tipo de sabotagem com empresas e pessoas que desrespeitavam o meio ambiente. Seu grupo foi o responsável pela conscientização, que acabou virando a lei, e que proíbe da criação de seres artificiais e sua inclusão em Nibiru, lei esta que impede aos Lulu Amelus de serem exportados para aquele planeta.
Anzu deixou o grupo para seguir como voluntário para Nippur, sua autorização para ser biólogo neste planeta somente foi concedida quando ele se desvinculou formalmente do grupo de ambientalistas. Isso deixou muitos dos seus antigos colegas chateados, achavam que ele era um vira-casaca, mas, na verdade veio para Nippur com uma missão, e já provara isso aos seus companheiros em Nibiru.
- Por favor, sente-se. – Respondeu educadamente o Chanceler apontando para uma cadeira ao lado de Kalkal.
Kalkal levanta-se para sair, ao que é impedido pelo Chanceler que ergue uma das mãos ordenando que fique. Ordem diferente recebe a secretária e o segurança, que são convidados a se retirar.
- Nós havíamos combinado que a matança de animais acabaria, e agora você mesmo autoriza! – Falou o indignado Anzu.
- Primeiramente doutor, bom dia! – Falou irônico o Chanceler - Depois, eu não autorizei, nem autorizarei nenhuma matança!
- E os grupos de remoção?
- Se o doutor se informar, saberá que é somente questão de segurança, você soube o que o tigre dentes-de-sabre fez com um engenheiro nas aralis? – Ele se referia ao Edi, o inventor do comunicador, que, inexplicavelmente fora atacado pelo animal dentro de seu alojamento trancado.
- Sim, eu soube. Mas isso não é motivo para uma matança, nós invadimos sua casa. – Contestou Anzu, ainda exaltado. - Este planeta é destes animais, nós somos estranhos aqui, e temos que respeitá-los!
- As ordens são para remover os animais e, somente os perigosos e que estiverem próximos de Eridu ou das minas, e não matá-los!
- Mas não os estão removendo, os estão massacrando!
- Doutor Anzu – o Chanceler toma fôlego, tentando manter-se calmo -, esta sua atitude é extremamente infantil. O Doutor já havia me acusado anteriormente e, provei que não estava por traz de matança nenhuma, agora vem você novamente com acusações. Está ficando desagradável. – E fez um desafio – Porque não prova o que está alegando!
- Não tenho provas... não agora, mas tenho certeza!
- Se está assim, tão desconfiado, porque não fiscaliza pessoalmente os grupos de remoção? Vá pessoalmente com eles, e confirme que o trabalho é somente para segurança dos Anunnakis. Não existe matança e se existir não foi por minhas ordens e punirei severamente os responsáveis. Mas exijo provas, sem elas, por favor, não volte mais ao meu gabinete!
- Sim, é isso que vou fazer, e filmarei tudo. – Afirma Anzu, ainda não convencido – Trarei a prova da matança e exigirei a punição dos culpados!
- Claro, me traga a filmagem que punirei, pessoalmente, o infrator.
Anzu sai do gabinete, decidido a provar que as carcaças que encontrou são resultado do trabalho dos grupos de remoção do Chanceler. Kalkal, que só observou a cena, vira-se para o Chanceler e pergunta:
- Quer que algum acidente ocorra com o Doutor Anzu?
- Não! – respondeu pensativo o Chanceler. – Ainda não, seu gênio impulsivo pode ser útil aos meus propósitos. Além do mais, sua morte poderia atrair mais dos seus para Nippur. Ai sim, eu teria problemas.