- Aqui eu montei um pequeno CPD em Nippur. Venha eu te mostro. – Respondeu Nebo, sempre carinhoso.
O CPD, ou Central de Processamento de Dados, é o lugar onde Nebo guarda, cuidadosamente, o servidor central onde, antes da construção dos geradores pirâmide, fazia backup das informações de todos os computadores de Nippur, para caso de problemas com o frio, que batizou de “Grande Cérebro”. Com toda a atenção e amor, Nebo mostrou a Lizi o seu funcionamento e como utilizá-lo.
- Ainda está copiando arquivos dos computadores de Nippur? – Perguntou à curiosa Lizi. Aliás, ela se mostrou a companheira ideal para Nebo, além de carinhosa, divertida, ainda gostava muito de informática. Podemos dizer que Nebo “juntou o útil ao agradável”.
- Sim meu amor, ainda está copiando os arquivos, achei mais seguro. Nunca se sabe quando um computador biológico vai morrer.
- E você já viu os arquivos gravados aqui?
- De forma alguma. – Respondeu rapidamente Nebo - Seria anti-profissional, além de antiético. Os arquivos, apesar de estarem aqui na nossa casa, são de seus proprietários. – Nebo sempre fora muito profissional, e se orgulhava disso.
- Você tem razão querido. – Falou Lizi, meio envergonhada - Mas que dá curiosidade, dá!
- Com o tempo passa, e você nem se lembra que os arquivos existem. – Concluiu Nebo com um largo sorriso em seu rosto.
Ninsun não imaginava que Gil estava vendo tudo, escondido atrás de uma árvore.
Ao ver a mãe ameaçando aquele ser estranho e albino, não hesitou. Passou a mão em um pedaço de madeira e correu ao encontro dos dois, no intuito de ajudar sua mãe. O Anunnaki foi surpreendido com uma paulada em sua cabeça. Gil ainda é uma criança, mas está maior que sua mãe, em tamanho e, é muito forte.
Realmente a paulada machucou. Mas, ele não conteve seu ímpeto, continuou batendo no Anunnaki com o pedaço de madeira, mesmo ele já estando caído.
- Pare com isso Gil! – Gritou sua mãe, enquanto o Anunnaki rolava pelo chão, tentando inutilmente, se livrar de Gil.
Ninsun precisou de muito esforço para conter a fúria de seu filho. Precisou até se colocar entre os dois obrigando Gil a parar. Depois de controlá-lo, teve ainda que cuidar dos novos ferimentos do Anunnaki
- Você é muito forte meu amigo... ai! – Reclamou o Anunnaki a Gil, enquanto Ninsun limpava o novo ferimento em sua alongada cabeça.
Gil não respondeu. Estava sentado na areia olhando desconfiado para o estranho. Ele pressentia, de alguma forma, que podia confiar no Anunnaki, mas ao ver sua mãe brigando, não teve dúvidas sobre qual lado escolher.
- Gil é um guerreiro. – Falou Ninsun. – Nasceu de uma mãe guerreira, e só está aqui hoje graças a esta garra!
- Qual é a história de vocês dois? – Perguntou o Anunnaki – Ai! Cuidado, está doendo...
- Fala como se não soubesse! – Respondeu Ninsun esfregando o corte com raiva o que fez o Anunnaki gemer de dor. – Pronto, não vai infeccionar! – E sai brava, puxando Gil pelo braço, para a caverna no alto do morro, local onde estavam escondidos.
A noite foi longa para Ninsun, equipada com os óculos de visão noturna que trouxe em sua fuga, passou a noite toda observando se o Anunnaki não os seguira. Sabe que eles não dormem todas as noites como os Lulus.
O dia clareou e nada do Anunnaki. Vários dias passaram sem que Gil e o Anunnaki se encontrassem novamente. Ninsun continuou realizando todo o trajeto para cuidar dos dois, e passava as noites em claro, vigiando.
- Mãe, você está muito abatida. – Falou Gil preocupado. – Precisa descansar!
- Tem razão Gil. Fazem varias noites que não durmo. - Respondeu Ninsun - Estou exausta!
- Porque não dorme um pouco, agora ainda está dia e não tem perigo. Eu fico de guarda.
– Estou precisando mesmo. Então tá. Fique de olho, e qualquer coisa me acorde. – E concluiu - Nada de sair da caverna. Aproveite para fazer sua lição, estamos relaxando muito com seus estudos.
- Tudo bem, mãe. Pode dormir sossegada.
Nem bem deitou e Ninsun já adormeceu, estava realmente muito cansada.
Quando acordou, achou que havia dormido apenas alguns minutos, mas olhando para fora da caverna, descobriu que já estava escurecendo. Olhou para os lados e não viu Gil. Apreensiva, o chamou:
– Gil! – Nada de resposta – Gilgamesh! – Repetiu e nada de ser atendida.
Levantou-se num pulo, e saiu desesperada a sua procura. Nem perdeu tempo e começou pela caverna do Anunnaki, e como já desconfiava, lá estava Gil.
- Eu não te falei para não sair da caverna! – Gritou com Gil.
- Eu sei mãe, só vim para me certificar se ele não precisava de nada. Ele ainda está ferido. – Falou Gilgamesh com um tom carinhoso - Além do mais, já terminei toda a lição!
- Seu filho é maravilhoso! – falou o Anunnaki.
- É eu sei. Por isso mesmo, preciso protegê-lo... de vocês!