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CAPÍTULO 55

Novamente, mesmo com toda precaução que tomei... me encontraram.
A principio imaginei que, graças a minha conexão na Web, estavam me rastreando. Porém deveria ser muito difícil, já que, além de me conectar sempre de um lugar diferente, ainda utilizava-se de alguns truques que aprendi com um ex-colega professor, que lecionava segurança lógica.
Por desencargo de consciência, fui para outra cidade, agora mais distante e, durante algum tempo, não me conectei a Internet, pensando que, desta forma não mais me encontrariam.
Não poderia estar mais errado!

***

Antes de voltar ao seu esconderijo, no bosque próximo, Gilgamesh resolveu dar uma volta pela cidade, a fim de conhecer ainda mais os Anunnakis.
Durante seu passeio pensou no casal, Lizi e Nebo, e em como seria bom se todos os Anunnakis tratassem os Lulus daquela forma, todos seriam mais felizes. Precisava continuar sua busca, mas agora, estava mais cuidadoso. Sabia que não podia ser inocente, e também sabia, agora ainda mais, que os Anunnakis são seres perigosos e, extremamente crueis.
Observou do outro lado da rua dois Lulus vendendo algo.
Pensou, por uns instantes, que aqueles poderiam ser felizardos, que conseguiram sua tão sonhada liberdade. Resolveu aproximar-se, obviamente, sem ser visto, e ouvir o que conversavam. Para sua tristeza, constatou que eles não são Lulus livres, mas, estão vendendo para sustentar os seus senhores. A cena o revoltou ainda mais, pois além de terem que entregar todo seu ganho para o Anunnaki, ainda sofriam constantes agressões, principalmente quando o ganho era pouco. Eles conversavam, em tom de desabafo, até que um dos Lulus comentou algo, que deixou Gilgamesh pensativo:
- Pena que Nammu não está mais em Nippur. Naquela época, todos os Lulus eram felizes e bem tratados, não existia escravidão e tínhamos até o EDEN para viver...
Aquela frase mexeu com Gilgamesh. Uma pergunta começou a martelar sua cabeça: Quem ou o que é Nammu?
Sua mãe lhe ensinou sobre tudo, mas sempre evitou falar sobre os Anunnakis, dos quais ele somente soube da existência, quando encontraram Enki machucado dentro da caverna. A palavra EDEN, esta sim, ele já conhecia, sua mãe falara muito sobre este lugar, que parecia mítico, mas que, realmente existiu.
EDEN fora o lugar onde os primeiros Lulus foram abrigados. Um lugar onde eles tinham dignidade e eram tratados como filhos pelos seus criadores. Recebiam boa alimentação, roupas confortáveis e quentes, educação, diversão e tudo o que é necessário para uma vida feliz. Eles trabalhavam sim, mas sem exploração e com folgas, podiam cultivar seus passatempos favoritos, junto com sua família, era, realmente, o paraíso.
Poucas gerações tiveram o prazer de morar neste maravilhoso lugar, houve uma revolta, por parte dos colonizadores Anunnakis e, os Lulus foram expulsos do EDEN.
Esta história, Gilgamesh já conhecia, não era nenhuma novidade. Agora, Nammu, era algo estranho a Gilgamesh, mas percebeu, pelo sentimento do Lulu que ele estava observando, que era algo importante e, era melhor do que nada.
A conclusão foi óbvia, ele precisava descobrir... o que era Nammu.

***

A tesoura reluzia nas mãos de Nebo. Ele tinha uma missão, sabia do perigo em perder, definitivamente, a confiança do Chanceler. Ele exigiu que Nebo matasse Lizi, era um ato muito difícil para Nebo, pois a amava, mas resolveu fazer o que achava mais sensato.
- O que vai fazer com essa tesoura Nebo? – Perguntou Lizi ficando nervosa.
- Me desculpe, meu amor – respondeu Nebo –, mas estou fazendo isso porque te amo...
Nebo se aproxima de Lizi com a tesoura nas mãos. Seu semblante está estranho, ela não entende o que ele vai fazer e, por uns instantes, pensa que havia enlouquecido. Finalmente, Nebo fala:
- Lizi... vou cortar o seu cabelo!
- O que? – Perguntou Lizi incrédula.
Nebo senta-se ao seu lado, e lhe conta sobre sua conversa com o Chanceler, e da ordem para matá-la.
- Esse cara é um cretino! – Desabafou Lizi cheia de raiva.
- Preciso fazê-lo pensar que te matei. – Falou Nebo - Por isso lhe trouxe para este lugar. Meu plano é que você fique aqui, por um tempo, escondida. Trouxe uns produtos de beleza, temos que mudar sua aparência, para o caso de alguém te encontrar. Precisamos fazer com que ele pense que a matei. Temos que ser cuidadosos!
- Mas eu gosto tanto do meu cabelo... – falou tristemente Lizi, passando os dedos entre os fios.
- Eu também gosto muito, mas gosto mais ainda de ver você viva! – Nebo sabe que deve ser cuidadoso para convencer Lizi. Cabelo é um assunto muito sério para as fêmeas, não importa se Anunnakis ou Lulus.
Lizi não teve outra alternativa a não ser concordar. Nebo lhe cortou o cabelo, nunca havia cortado cabelos na vida. Digamos que ficou um corte “moderno”. Ele também os pintou de outra cor, e lhe deu roupas diferentes.
- Ficou ótima, linda como sempre! – Falou o apaixonado Nebo – Minha idéia é a seguinte: você fica alguns dias aqui, e quando o Chanceler estiver convencido de que a matei, eu levo você para uma casa em algum subúrbio, saio de meu emprego, digo que enjoei desta profissão, tentamos recomeçar a vida de forma diferente.
- Não sei se dará certo Nebo, você adora seu emprego!
- Sim, mas, adoro mais ainda você!
- E depois, temos outro problema... nosso filho. – Lizi passou a mão na barriga, que ainda nem dava sinais de que abrigava uma nova vida.
- A gente dá um jeito! – Responde Nebo.
Lizi não falou mais nada, apenas o abraçou, carinhosamente. Ficou claro que era um plano ruim e cheio de falhas, mas, para o momento era o que tinham. Ao menos teria tempo para pensar em algo mais sólido, afinal, sabia que ficaria trancada neste prédio abandonado, por um bom tempo. Por fim, antes de Nebo sair, ela falou:
- Só não vá me esquecer aqui! – Deu uma piscadela, ao que ele apenas sorriu e saiu, disfarçando as lagrimas nos olhos.