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CAPÍTULO 58

A ficha, finalmente, caiu!
Passando por uma praça de pedágio na rodovia por onde já havia passado inúmeras vezes, agora, reparei em algo que não havia notado anteriormente:
Câmeras de segurança.
Não havia lembrado que, estamos em um mundo totalmente vigiado. Existem câmeras de segurança em todo lugar. E como passo constantemente por praças de pedágio, certamente, sou filmado também, constantemente.
Para sanar minha duvida, parei próximo ao fiscal da praça e perguntei:
- Ei amigo, por acaso vocês guardam as imagens gravadas pelas câmeras?
O fiscal ficou um pouco preocupado com minha pergunta, para evitar mal entendido, então resolvi explicar melhor.
- Veja bem – comecei -, tive meu veiculo roubado. Se ele passar pela praça de pedágio, ele será filmado, correto?
- Sim! – Respondeu o fiscal.
- E, é possível ter acesso as filmagens?
- Não, não é!
- E a policia pode ter este acesso?
- Sim, a policia pode, é só solicitar?
- Sabe se eles estão solicitando ultimamente?
- Creio que sim, mas não posso lhe dar certeza. Mas, te garanto, não é para verificar carros roubados, isso não interessa a policia. Devem estar atrás de algum suspeito, ou coisa assim!
Agradeci pelas informações.
Agora já sabia como estavam me encontrando tão facilmente. Estavam analisando as gravações das praças de pedágio, e como são muitas, fatalmente terei que passar por alguma para me deslocar entre as cidades.
O que me fez pensar é porque, tendo tanta monitoração, ainda assim a policia não consegue recuperar veículos roubados, chega a dar impressão que não existe interesse, ou até, existe interesse, mas não em ajudar o pobre proprietário lesado.

***

Definitivamente, não era um sonho!
Falou Gilgamesh para si mesmo. Ainda estava atordoado com o que aconteceu. Sabia que não poderia ser apenas um sonho, porque fora muito real, o sentimento perante a estranha voz foi, deveras forte. Novamente sua mãe o salvando, e as suas palavras, foram bem claras, até porque, não possuía muitos amigos a quem recorrer, e também, não odiava tantos assim, a quem devesse perdoar.
Apesar de Gilgamesh odiar os Anunnakis pelos seus atos, sabia, através de Nebo, que nem todos eram perversos, portanto, não poderia odiar a todos eles. Sabia que sua mãe estava se referindo a Enki, que Gilgamesh responsabilizava pela morte dela.
Resolveu conversar com os Lulus, já que, Lizi e Nebo tinham suas próprias preocupações.
Ele sabe que os Lulus são confiáveis, e não o delatariam. Resolveu procurar os simpáticos Lulus que conheceu nas plantações de Zea Mays, sabe que poderia conversar com qualquer Lulu, mas, os da cidade são muito vigiados, e lá, também há muitos Anunnakis. Além do mais, seria bom sair por um tempo daquele inferno, que é conhecido popularmente, por cidade.

***

A porta da cela se abre com um estalo. Enki está deitado, e nem se preocupa em levantar, já que está na hora do café da manhã. Mas o que entra pela porta, não é seu desjejum, e sim alguém que ele não gostaria de rever. Seu irmão Enlil.
E, não veio sozinho, junto estava seu “leão-de-chácara” Kalkal.
- Saiam daqui! – Ordena o Chanceler para os guardas presentes, que obedecem imediatamente. Kalkal fecha a porta atrás deles.
- Seu desgraçado... – grita Enki, tão logo o vê. Joga-se conta seu irmão, em uma frustrada tentativa de espancá-lo. Kalkal o impede.
- Acalme-se! – Grita Enlil – Vamos conversar como seres civilizados que somos.
- Seres civilizados? – Pergunta Enki ironicamente – Seres civilizados não prendem o irmão, deixando impune seu agressor.
- É sobre isso que vim falar. Podemos conversar um pouco, sem agressão? – Desde a infância dos dois, Enki sempre levava a melhor nas brigas, portanto Enlil não tinha intenção em enfrentá-lo.
Enki acenou com a cabeça, consentindo que conversassem. Enlil fez um sinal para que Kalkal o aguardasse do lado de fora.
- Desculpe-me por não ter vindo antes, mas alguém podia desconfiar. - Falou Enlil, olhando às acomodações, que eram de fato, muito boas - Vejo que está sendo bem tratado!
- O que você quer Enlil? – Perguntou Enki rispidamente.
- Apenas que você não guarde mágoa.
- Como não guardar mágoa? – Gritou Enki, irado - Sempre soube que não era de confiança, mas agora, você se superou!
- Garanto a você que foi por uma boa causa, um dia você entenderá. – Falou o Chanceler com voz doce – Quero que saiba que Ereshkigal receberá a pior punição possível, mas, por enquanto, preciso do serviço dele nas aralis. É a única maneira de deixar os Lulus na linha!
- Quem sabe se os tratasse de forma digna, não precisaria impor castigos!
- Não funciona assim.
- Como sabe se nunca tentou?
- Eles não passam de animais que foram criados para nos servir. Mas isto não vem ao caso agora. – Enlil não quis alongar a conversa, não gostava de ser contrariado – Dentro de seis meses de Nippur, sairá à primeira espaçonave rumo a Nibiru, e você.... estará nela!
- De forma nenhuma, eu quero meu cargo nas aralis novamente. Não vou voltar para Nibiru!
- Meu irmão – novamente falou com voz doce –, como eu já disse, um dia você irá entender meus motivos. O que importa é que, você irá para Nibiru livre, não haverá nenhuma acusação contra você, poderá prosseguir com sua vida normalmente.
- Poxa, que bom! – Falou Enki em tom de ironia - Seria terrível ser mantido preso por ser eu mesmo...
- Como já disse, espero que não guarde magoa. Adeus meu irmão. – E foi saindo. Já com a porta aberta, virou-se e falou – Estou muito feliz por você estar vivo, sabe que te amo, não é mesmo? – E finalmente saiu.
Enki não falou nada, sabia que não adiantaria. Somente sentou-se pesadamente em sua cama, movimentando negativamente sua cabeça.