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CAPÍTULO 60

Decidi desviar as rodovias pedagiadas.
Assim devo despistar meus perseguidores, mas, ainda tenho uma preocupação, afinal, se estavam me rastreando a partir das praças de pedágio, logo devem saber que estou com a moto do fazendeiro, e devem saber a sua placa de identificação. Desta forma podem, facilmente, me localizar novamente.
Não poderia trocar por outra moto, porque, logo a encontrariam e saberiam que estava com outro veiculo, e também, sua placa de identificação.
Só há uma coisa a ser feita, mas, com certeza, será um mau negócio.

***

- Gilgamesh, acorda! – Chamou Agnish cutucando-o com as pontas dos dedos. Seu sono estava pesado, trazia na face, um sorriso que se estendia de uma orelha a outra – Acorda, o dia já está clareando! – Gritou Agnish, agora chacoalhando-o violentamente.
- O que foi? – Perguntou, abrindo, sonolento, apenas um dos olhos – Há, é você, bom dia querida.
- Acorde, já está quase na hora de sairmos para o trabalho. Os Anunnakis devem chegar a qualquer momento para a contagem!
Eles fazem contagem diária, para averiguar se não houve fugas naquela noite. Isto não estava acontecendo mais, desde as ameaças de enviar os familiares para as aralis, mas, ainda assim os Anunnakis contavam.
Gilgamesh levantou ainda meio dormindo, só então se deu conta que haviam dormido no gramado, e que... estava nu. Agora entendia porque estava com tanto frio. Ele juntou suas roupas e, imediatamente tornou-se invisível. Enquanto Agnish, que já estava vestida, se encaminhou para contagem diária.
O tempo foi passando, e Gilgamesh estava muito feliz, apesar de não ter conseguido as informações que precisava. Tudo o que descobriu a respeito de Nammu, era o que já sabia, sempre a mesma história sobre a criação dos Lulus Amelus e sobre a maravilha que era o EDEN.
Sua felicidade, na verdade, tinha um nome: Agnish.
Ele estava sentindo algo que nunca sentira antes, até mesmo sua busca pelo motivo da morte e do sofrimento, pareciam ter perdido o sentido. Sentia-se como se já soubesse de tudo e, nem mesmo a morte parecia mais ter importância. Ao mesmo tempo uma angustia tomava conta de seu peito, um aperto estranho, indecifrável. Esta angustia só passava quando estava com Agnish, ai era o ser mais feliz do universo. Nos momentos em que faziam sexo, seus pensamentos finalmente se aquietavam, e podia sentir uma paz que nunca experimentara antes.
Os Lulus também se beneficiaram da presença de Gilgamesh, pois, ele os defendia da violência extrema dos Anunnakis. De forma sutil, para que não o descobrirem, sempre atrapalhava os castigos, e durante o período desde a sua chegada, não houve um estupro sequer contra as Lulus destas plantações. Os Anunnakis não entendiam o que estava acontecendo, se acreditassem nisto, diriam que o local está assombrado.

***

- Nebo. Sempre te vejo por perto da minha casa! – Falou o Office boy enquanto Nebo consertava o computador da secretária do Chanceler – Está morando por lá?
- Acho que você está enganado! – Respondeu Nebo nervosamente.
- Não, é você mesmo, e não diga que estava de passagem. Naquele bairro afastado, somente os moradores vão lá. Não tem nada para fazer...
- Não, não sou eu. Deve ser alguém parecido! – Interrompeu Nebo tentando por fim na conversa.
- Você tem feito visitas à casa da Lulu do minerador, ele raramente vem para casa. Em bairro pequeno todos sabem da vida de todo mundo. Minha mãe te viu várias vezes entrando na casa, e saindo somente no outro dia. – E fez uma brincadeira – Você só tem cara de bobo, ein?!?
Ao ouvir isto, Nebo nervoso, deixou escapar a CPU da secretária, que se espatifou no chão. Entrou em pânico quando, percebeu a presença do Chanceler, que acabara de chegar. Não sabia o que ele ouvira da conversa, mas sabia que Lizi estava, novamente, correndo perigo.
- Tudo bem Nebo? – falou o Chanceler encarando-o – Parece nervoso!
- Não, está tudo bem... preciso levar este equipamento para o laboratório. – Juntou nervosamente todas as peças espalhadas pelo chão, e saiu em disparada.
Todos ficaram olhando sem entender. Somente para o Chanceler tudo ficou muito claro. Tudo fez o maior sentido.

***

As jovens Lulus dos campos de Zea Mays e Triticum, como de costume, foram em grupo buscar água para os outros trabalhadores.
O motivo de não irem sozinhas, era que, as chances de serem violentadas pelos Anunnakis era bem menor em grupo e, todas sabiam quão violentos eram estes estupros. Houve diversos casos, de jovens que ficaram mutiladas, e algumas até morreram nestes ataques. Além da tradicional truculência dos Anunnakis, seu porte físico, muito maior e mais forte que dos Lulus, transformavam sua libido em algo fatal. Ainda mais no caso das trabalhadoras dos campos, que não eram exclusivas de um só Anunnaki, pertenciam ao governo e, seus capatazes eram funcionários. Não tinham preocupação nenhuma em preservar a integridades de suas vitimas, pois certamente, o próximo ataque seria à outra Lulu.
Agora Agnish sempre ficava para traz, sozinha, para poder encontrar com Gilgamesh. E hoje não foi diferente. Gilgamesh, por sua vez, esta distraído observando curiosamente uma máquina de colher Triticum. Ficava imaginando como era possível uma máquina colher a planta inteira, e sair somente a os grãos, já descascados. Se Havia algo nos Anunnakis que ele admirava, era a sua capacidade de criar máquinas.
Sua observação foi interrompida, pela visão, ao longe de um grupo de Lulus, carregando cantis de água. Imediatamente lembrou-se de seu encontro com Agnish, e saiu correndo em direção ao grupo.
Enquanto aguardava Gilgamesh, Agnish aproveitou para encher seu cantil. Estava abaixada, mergulhando a boca do cantil na água quando, ouviu um barulho de galhos quebrando.
- Gilgamesh? – Perguntou – É você? – Mas não obteve resposta.
- Pare de brincadeira Gilgamesh – gritou –, pode ficar visível. Apure, porque tenho que voltar ao trabalho, antes que notem minha falta.
- Quem é esse Gilgamesh? – Falou uma voz estranha.
Agnish virou-se, assustada. O terror tomou conta de si, quando viu um vulto albino, saindo de trás de uma grossa árvore, seus olhos vermelhos eram perniciosos. Esboçava um sorriso maligno em sua boca.
- Vamos, responda! Quem é este tal Gilgamesh? É o seu macho? – Disse o Anunnaki em tom de deboche, e completou – Hoje sim você irá conhecer um macho de verdade!
Agnish estava sem reação, não conseguia sequer gritar. Uma lagrima rolou em seu rosto, enquanto seu carrasco lentamente aproximava-se.
Não havia como fugir e, ela sabia bem o que a esperava.