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CAPÍTULO 61

O veiculo para com violência em frente a casa.
Nebo salta do veiculo apressadamente e entra correndo na residência. Lizi não o esperava, mas, vem ao seu encontro. Percebe que ele está muito tenso, seu rosto está transfigurado, como de alguém que acabou de se encontrar, cara a cara, com a morte.
- O que aconteceu Nebo? – Pergunta Lizi, assustada.
- Pegue o que puder. Temos que fugir!
- Por quê?
- Nos descobriram!
Realmente não havia tempo para conversa, e Lizi sequer perguntou como ele sabia disso. Pegaram o essencial, carregaram no veiculo, e saíram em disparada. Não sabiam para onde iriam, era difícil esconder-se em um mundo com apenas uma cidade. Principalmente, quando são... atentamente, observados.
- Poderíamos fugir para a floresta. – Falou finalmente Lizi, após passado muito tempo andando sem rumo com o veiculo.
- Não sobreviveríamos! – Respondeu Nebo.
- Aqui também não iremos sobreviver!
- Como passaremos pelo mar?
- Gilgamesh poderia nos ajudar, ele conhece bem este planeta. Sua mãe conseguiu fugir... se, ao menos você não o tivesse expulso de nossa casa...
- Você sabe que foi preciso!
- Sim claro. Você não podia decepcionar seu chefinho. O que esperava? Um aumento de salário?
- Sei que me equivoquei sobre ele, desculpe. – Estava, nitidamente, envergonhado –Mas, eu sempre me preocupei com a minha carreira profissional, e em desempenhar o melhor possível meu trabalho, você sabe disso!
- E em que isso lhe serviu? Nunca conseguimos ficar juntos, curtir um pouco, aproveitar nossa vida curta, aliás... minha vida curta. – Lizi o olhou com inveja - Sempre trabalho, trabalho... vocês, Anunnakis, precisam de escravos, porque vocês mesmos são escravos, escravos de si mesmos. Escravos de seu consumismo, de sua ganância, de sua inveja. Vocês são patéticos! – Terminou nitidamente irritada.
Nebo não respondeu. Sabe que ela tem razão. Sempre largou tudo e colocou seu trabalho em primeiro lugar. Só agora, que estava com a vida em risco, que poderia morrer a qualquer momento, ou perder quem realmente ama. Só agora, percebeu o quanto sempre esteve errado, o quanto desperdiçou de sua vida, em troca de satisfazer um patrão que nunca o valorizou, e que, o substituiria na primeira oportunidade, sem pestanejar, sem remorsos, assim que não tivesse mais utilidade, ou assim que encontrasse alguém mais barato.
Mas, agora era tarde, agora não podia mudar o que passou, mas precisava salvar Lizi, e, seu filho.
Segurou, carinhosamente, a mão de Lizi. O simples ato de sentir sua pele, seu calor, a maciez de suas mãos, lhe trouxe um prazer que, não sentira há muito tempo. Desde a época de sua infância, onde não havia lugar para rotinas e compromissos, onde o tempo passava lento, amigo, alegre...
A se pudesse voltar no tempo, faria tudo diferente!

***

- Então vadia, estou falando com você! – Falou o Anunnaki, dando uma bofetada em Agnish que a fez cair no chão.
Era um Anunnaki jovem, havia chego a pouco, com seus pais, que ficariam um tempo como capatazes nas plantações. Apesar da pouca idade, já sabia bem como ser cruel com os Lulus. Juntou Agnish do chão pelos cabelos, e falou.
- Agora você vai me satisfazer da forma que eu quiser. Vou te mostrar como um Anunnaki faz sexo!
Arrancou o uniforme de escravo que Agnish vestia. Ela permanecia imóvel, somente chorava. Não conseguiria escapar, sabia bem, o Anunnaki tinha quase o dobro de seu tamanho, e muito mais força. Já nua, ele a jogou violentamente no gramado, enquanto, lenta e sadicamente tirava a própria roupa, em uma demonstração covarde de superioridade.
Deitou sobre o corpo dela. Agnish ainda, em uma vã tentativa de salvar-se, começou a debater-se. Ele segurou suas mãos contra o gramado, sorrindo, se deliciando com sua resistência.
Finalmente Agnish cedeu. Deu-se por vencida, não teria como escapar de seu destino. Voltou a ficar imóvel.
- Isso vagabunda. É melhor para você se comportar, quem sabe... – o Anunnaki não conseguiu terminar a frase. Com a pancada, apenas deu um gemido e, caiu no gramado.
Gilgamesh, não hesitou, e pulou sobre o Anunnaki, dando-lhe incontáveis socos em sua face. A visão dele sobre o corpo de Agnish, fez vir à tona todo ódio que sentia pelos Anunnakis. Ele batia, cada vez mais, e mais. A princípio o jovem Anunnaki pedia socorro, depois, já não conseguia, estava afogando-se em seu próprio sangue.
- Pare. Pare de bater, já chega! – Gritava Agnish desesperadamente, mas Gilgamesh não a ouvira, seu ódio o deixara surdo.
Quando sua mão já estava doendo, ele tateou ao redor e, encontrou uma pedra. Com ela, espancou a alongada cabeça do Anunnaki. O rosto albino, agora estava vermelho, coberto de sangue. Agnish saltou sobre Gilgamesh, tentando impedi-lo, porém, sem sucesso. Sua força não é páreo para um hibrido.
A ira é extrema. Lembrou-se dos castigos que vira sendo aplicados aos Lulus, das covardias, das ofensas, do que sua mãe precisou fazer para salvar-se, e salvá-lo. A cada lembrança, suas forças se renovavam para bater ainda mais forte no infeliz Anunnaki, que agora é só um corpo inerte.
Só parou de bater quando estava esgotado, e tombou exausto, para o lado, deitando ofegante, sobre o gramado.
Manteve-se nesta posição por mais um tempo, tomando fôlego. Só então percebeu o assombro que apresentava o rosto de Agnish. Ela estava estática, em estado de choque com o que vira. Gilgamesh olhou para o outro lado e, viu um ser desfigurado, com a massa encefálica vazando de seu crânio. Não apresentava rosto, somente uma massa disforme de carne e sangue.
- Agnish – falou ofegante –, você está bem?
- O que você fez Gilgamesh? – Perguntou ela, com dificuldade.
- Eu te salvei! – E foi levantando-se e caminhando na direção dela.
- Você o matou!?!
- Ele iria te matar!
- Ele era só um jovem... tinha toda vida pela frente... – ela virou-se num pulo, e saiu correndo pela trilha, em prantos.
Gilgamesh ainda a chamou, mas, ela o ignorou, então, ele voltou sua atenção para o cadáver.
Precisava fazer algo ou... certamente os Lulus pagariam pelo que ele fez.