Isso era tudo que eu não esperava. Uma barreira policial naquela estrada deserta, não fazia o menor sentido. Não é próxima a fronteira, nem tem nada que possa interessar a justiça. Somente mata. Mas, era mais que uma simples barreira. Pude reparar a presença de uma caminhonete preta, que já havia visto antes, conheci, inclusive, seu espaçoso porta-malas e, atrás desta, alguns rostos conhecidos.
Eram meus perseguidores.
Não pensei duas vezes e, virei, praticamente sem frear, a moto em direção a uma lavoura. Parecia ser plantação de soja ou algo assim. Acelerei o máximo que consegui. Imediatamente, meus perseguidores entraram em sua caminhonete preta e me seguiram pela lavoura. Surgiram também, não sei de onde, duas motos. Apenas os policiais não entraram na perseguição, devem estar querendo poupar a plantação.
A caminhonete é muito potente e rapidamente se aproximava de minha moto, que, apesar de estar acelerando o que posso, não desenvolve o suficiente, graças à fofa terra da plantação. Pelo retrovisor via o pára-choque da caminhonete crescer, cada vez mais perto. As motos estavam com a mesma dificuldade que eu, e se distanciaram um pouco.
A minha frente há uma mata, minha esperança é alcançá-la. Assim posso despistar a caminhonete. A mata não está longe, mas, naquele momento, parecia inalcançável. A cada olhada no retrovisor, mais perto a caminhonete preta estava. Agora já posso sentir o calor de seu motor, ela está a ponto de bater no pára-lama traseiro de minha moto. Pelo retrovisor, vejo que já não há mais espaço entre os dois veículos.
Estavam prestes a bater em mim com a caminhonete, quando, finalmente, consegui entrar na mata. Havia uma picada, talvez usada pelos trabalhadores, e eu segui com a moto por ela. A caminhonete parou, não conseguia entrar, mas, as duas motos conseguiam e, entraram logo atrás de mim.
Agora, era com as motos que precisava me preocupar.
Havia um sorriso sádico nos rostos dos dois ajudantes de Kalkal, nitidamente, estavam se divertindo com a situação.
- Com qual devemos começar? – Perguntou um deles.
- Vamos começar pelo mais fraco, quem sabe o mais forte reaja, e nos dê mais diversão. – Respondeu o segundo.
- Começaremos com ela, então!
- Não. – Contestou o outro - O mais fraco de todos... é o bebê! – Os dois riram, prazerosamente, com a idéia.
- Ótima idéia. Vamos removê-lo da barriga. Mas com cuidado, sem matar a mãe.
Lizi e Nebo gritavam em desespero, implorando em vão, por piedade. Não havia clemência na dupla, que preparou uma faca bem afiada, e foram em direção à Lizi, que estava nua.
Um dos carrascos foi aproximando a faca da enorme barriga de Lizi, que se debatia, tentando a todo custo, salvar-se.
- Não consigo! – Falou o Anunnaki – Ela não para quieta!
- Deixe comigo!
O outro foi por traz de Lizi e a segurou, deixando-a imóvel para a cirurgia sem anestesia a qual seria submetida. Nebo gritava e se debatia, era só o que podia fazer.
– Vai agora! – Ordenou o que estava segurando Lizi.
E ele foi. Aproximou com prazer a faca, e preparou-se para realizar o corte.
Logo, um jato de sangue lava o corpo de Lizi, manchando até o Anunnaki que a segurava. Estranhamente ela não sente dor.
O Anunnaki com a faca fica estático diante dela. Observando com cuidado, ela nota que a cabeça dele, começa a tombar para o lado, se desprendendo do resto do corpo, tornando visível um grande corte em sua garganta. Um jato de sangue esguicha de sua jugular. Finalmente, o corpo do Anunnaki tomba morto, no chão.
Lizi grita, o Anunnaki que a segurava, também grita e a larga. Puxa de sua arma e, assustado, saiu, olhando para todos os lados.
– Quem está ai? – Grita o assustado Anunnaki, mas, não obtém resposta.
Um pedaço de um dos móveis do antigo prédio o atinge. Ele começa a atirar, para todos os lados
– Pare com esta brincadeira! – Realmente o Anunnaki está com muito medo.
- Matar covardes é bem mais divertido, não é? – Fala uma voz, mas não havia ninguém.
Mais um pedaço de móvel, é arremessado. Desta vez arranca a arma da mão do Anunnaki, que começa a implorar por socorro.
Algo atinge suas pernas e, ele vai ao chão. Imediatamente, sai, arrastando-se com suas mãos em direção à porta, gritando em pânico. Um chute em suas costelas o faz cair de costas no chão, foi quando vê um grande pedaço de ferro, pontudo, vindo em sua direção, e entrando com força em seu peito. O Anunnaki geme de dor.
Agora pode ver, segurando a outra extremidade do pedaço de ferro, um hibrido, que, com ódio no olhar fala:
- Olhe para mim covarde, pois será a última coisa que verá! – E, enfia o máximo que pode o ferro no peito do Anunnaki que solta um último gemido e, tomba morto.
Gilgamesh vai em direção à Lizi e começa a desamarrá-la, enquanto pergunta.
- Você está bem?
Mas ela não responde. Gilgamesh já sabe o porquê. Lizi esta com a mesma expressão de Agnish. Quando Lizi estava solta, Gilgamesh correu e soltou Nebo, que suplicante agradeceu, chorando incontrolavelmente.
- Aqui está, Senhor! – Fala Kalkal orgulhoso, ao entregar o cristal com a gravação ao Chanceler – E os dois estão mortos!
- Sabia que não me decepcionaria. – Respondeu o Chanceler.
- Desculpe a modéstia, Senhor, mas na verdade, foi bastante fácil. O informático deixou muitas pistas de sua localização.
- Matou todos que sabiam?
- Somente os dois sabiam!
- Você tem certeza disso?
- Pode ficar tranqüilo – falou Kalkal orgulhoso -, se mais alguém soubesse, eles me contariam. Pode ter certeza!
Já recompostos do susto, os três conversam do lado de fora do prédio, onde jazem os dois Anunnakis mortos. Lizi ainda está abalada pelas mortes.
- O que está fazendo por aqui, Gilgamesh? – Pergunta Nebo, abraçando a inconsolável Lizi.
- Ainda atrás de minha busca. – Respondeu – Você está bem Lizi?
- Sim! – Respondeu com expressão de vazio em seu olhar.
- Eu entendo! – Falou Gilgamesh lembrando-se de Agnish, e sua reação quanto à morte do Anunnaki que tentou violentá-la.
- Mas atrás de sua busca aqui? Nesta base abandonada?
- Encontrei um grupo de Lulus, que me falaram do EDEN, um lugar maravilhoso, onde os Lulus ficaram quando foram criados. Mostraram-me a direção para chegar e, acabei vindo parar aqui. Quando ouvi gritos, e resolvi ver o que era!
- Que sorte a nossa, muito obrigado, de novo. – Insistiu Nebo, abraçando Gilgamesh tão forte que o fez gemer.
- Não precisa agradecer, sempre é bom acabar com estes Anunnakis covardes. – Nesta hora, ele lembrou que Nebo também é um Anunnaki, e tentou remediar – Quer dizer... nem todos o são... bem...
- Não se preocupe, eu entendi. – Depois do que Gilgamesh fez por eles, Nebo não se ofenderia nem se Gilgamesh falasse mal de sua própria mãe.
- Agora que vocês estão bem, vou continuar minha procura.
- Não precisa mais! – Falou Nebo.
- Porque não? – Perguntou Gilgamesh.
- Você não está procurando o EDEN? O jardim do EDEN?
- Sim! – Respondeu Gilgamesh – Os Lulus com quem falei, disseram que ficava nesta direção.
- Então, pode encerrar sua procura, meu amigo. – Nebo fez uma parada teatral, e virando-se para o barracão onde os estão os dois Anunnakis mortos, falou - Gilgamesh, eu lhe apresento... o jardim do EDEN!