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CAPÍTULO 68

Os motoqueiros que me perseguiam, pararam no alto do barranco.
Escondi-me, cuidadosamente, por entre os galhos da árvore que, sem querer, salvou minha vida. Através das folhas podia ver os motoqueiros olhando atentamente para o local do acidente, onde podiam ver claramente minha moto destruída. Um deles pegou um celular e fez uma ligação. Ouvi novamente o ronco dos motores de suas motos e percebi que estavam se distanciando, provavelmente, iriam arrumar uma forma de descer para encontrar meu corpo e as relíquias.
Não esperei para ver. Fui rastejando, agarrado ao tronco da árvore, em direção ao barranco. Meu pavor por altura se manifestou com força. A árvore balançava perigosamente além do risco de minhas mãos escorregarem, já que o lugar é bem úmido. Fui descendo vagarosamente pelo tronco inclinado. Mesmo sabendo que não devia, acabava o tempo todo olhando para baixo, a vertigem era terrível. Finalmente alcancei o barranco.
Existe uma saliência de mais ou menos uns 30 centímetros, que seguia para direita do barranco, a saliência possui uma inclinação ascendente pela qual esperava poder alcançar o topo. Com pequenos e cuidadosos passos para o lado, fui me deslocando pela saliência, que, para minha decepção, terminava antes de alcançar o alto do barranco.
Parei e fiquei estático, tentando decidir o que fazer e também, tentando evitar despencar da estreita saliência. Porém, meu tempo estava se esgotando. Ouvi ao longe um ronco singular. A princípio, pensei se tratar dos motoqueiros voltando, mas, prestando um pouco mais de atenção, vi que, podia ser ainda pior.
- Com certeza, é um helicóptero!

***

- Precisamos queimar este prédio! – Falou Nebo, apontando para onde ficava o EDEN.
- Mas ele tem uma historia para todos os Lulus! – Contestou Gilgamesh.
- Kalkal ordenou aos seus ajudantes que queimassem tudo após nos matar. – Afirmou Lizi.
- E depois, se alguém voltar aqui, encontrará os cadáveres dos Anunnakis. Saberão que continuamos vivos. – Completou Nebo.
- E eles continuarão caçando-os! – Concluiu Gilgamesh e completou com pesar – Vocês têm razão.
- E, além do mais, este não é o mais importante dos prédios para vocês. – Falou Nebo, deixando os dois perplexos.
- Como não, é o EDEN, onde vivíamos como um paraíso!
- Era só um dormitório. Tem outro prédio que certamente é mais importante, venham comigo, eu lhes mostro. – Chamou Nebo, que foi imediatamente atendido pelos dois.
Ele os levou a um prédio alguns metros de onde estavam. A porta estava trancada, mas Nebo conhecia a senha de acesso. Abriu à porta, um ar viciado saiu, com um odor que lembrava um hospital.
- Muito bem senhoras e senhores – Nebo fez um suspense –, preparem-se. Agora vocês irão conhecer “o verdadeiro circo dos horrores Anunnaki”!
Os dois acharam que fosse uma brincadeira de Nebo, mas, assim mesmo estavam curiosos.
- O que é este lugar Nebo? – Perguntou Lizi.
- Bem, foi aqui, neste lugar, que suas histórias começaram. – Ele valorizou o suspense – Aqui, meus amigos, é o laboratório onde seu espécime fora projetada e criada, pelas mãos da Doutora Nammu!
Agora a curiosidade atingiu um limite insustentável. O lugar onde os Lulu Amelus foram criados ainda existia e, estava ali, a um passo deles. Além de curiosos, estavam emocionados, afinal, não é todo dia que se encontra a oficina de seu criador, o local onde a sua história começa.
Nebo entrou, e foi seguido imediatamente pelos dois. Como em todos os ambientes públicos Anunnakis, as luzes acenderam automaticamente, e todos puderam ver um grande laboratório, com tudo o que se pode precisar em um. Havia mesas, tubos de ensaio, computadores, e diversos equipamentos que eles não reconheceram. Mas o que chamou a atenção dos dois foi uma grande estrutura, com dezenas de cilindros, de vidro pendurados. Todos conectados a uma grande coluna central através de várias mangueiras. Dentro do cilindro havia um liquido transparente, que não puderam identificar e, uma mangueira, boiando naquele liquido, com uma espécie de ventosa na ponta.
- Lizi, Gilgamesh. – Falou Nebo ainda tentando causar suspense – Esta estranha e enorme estrutura é chamada de “Arvore da Vida”. Aqui os primeiros embriões, eram inseridos, quando já estavam com alguns meses e, aqui permaneciam até o momento exato do nascimento.
- Isso é uma espécie de mãe artificial? – Perguntou Lizi, acariciando a própria barriga.
- É um útero artificial. Mas os fetos já têm que vir prontos, eles não são gerados ai dentro. Em Nibiru não é diferente. – Contou Nebo - As Anunnakis fêmeas não ficam mais com o feto dentro de suas barrigas até o final da gestação. Com dois meses o feto é transferido para “Arvore da Vida”, para terminar sua gestação. Segundo elas, desta forma, a gravidez não atrapalha sua vida, tanto pessoal como profissional.
- Mas, qual é a graça de ter um filho desta forma? – Perguntou Lizi.
- É mais seguro! – Respondeu Gilgamesh, que tem uma certa implicância com a forma tradicional de gravidez.
- Elas acompanham o desenvolvimento de perto. Existe “Arvore da Vida” individual, que fica na residência dos pais e as crianças são geradas em casa mesmo. É bom que se pode acompanhar o desenvolvimento do feto, é mais fácil até para o pré-natal, já que a arvore da vida tem equipamentos para monitoração da vida. Como Gilgamesh falou, é muito mais seguro, tanto para mãe quanto para o bebê.
- Mas, me diga uma coisa... – perguntou Gilgamesh – quem eram as mães que geravam os fetos nos primeiros meses?
- As próprias mães das crianças! – Respondeu Nebo - A gestação começa de maneira normal, do jeito natural. Quando atinge dois meses, é realizada uma espécie de aborto, mas com todo cuidado, e o feto é transferido para “Arvore da Vida” e, termina ali seu desenvolvimento.
- Isso eu entendi. – Falou Gilgamesh – O que eu quero saber é: quem foi a mãe, pelos dois meses iniciais, para os primeiros Lulu Amelus?
Nebo fez uma cara de duvida por alguns instantes, e finalmente respondeu:
- Sabe que eu nunca pensei nisso... realmente, eu não sei!
O passeio continuou pelo laboratório, Lizi e Gilgamesh olham tudo atentamente, enquanto Nebo explica tudo que sabe. Os dois estão impressionados por estarem no lugar onde foram projetados e criados, de forma artificial. Sempre souberam de sua artificialidade, mas, estar neste lugar, vendo os instrumentos e equipamentos que os criou, impressionava.
- Não estou entendendo uma coisa, Nebo – falou Gilgamesh –, porque você chamou este lugar de “o verdadeiro circo dos horrores Anunnaki”?
- Por quê? Simplesmente porque vocês ainda não viram a parte mais sinistra e mórbida deste lugar. – Respondeu Nebo – Um verdadeiro circo dos horrores. Venham comigo, mas preparem-se. A primeira vez que vi isto fiquei vários dias sem conseguir dormir.
Os dois o seguem e chegam a uma porta de aço no fim do prédio, também trancada com senha e, também Nebo sabia qual era.
Antes de entrar, Nebo perguntou a Lizi, se ela realmente queria ver, e advertiu que, em sua situação, não era aconselhável. Mas ela insistiu em ver. Nebo respirou profundamente, como se também precisasse criar coragem para ver aquilo novamente. Finalmente entram e, as luzes, como de praxe, automaticamente acendem.
A reação de ambos foi de extremo pânico. Lizi, rapidamente abraçou Nebo, encostando o rosto em seu peito para não mais ver aquela cena grotesca. Gilgamesh ficou imóvel, sem reação. De tudo que já presenciou até hoje, aquilo era de longe o mais assustador. Não continuaram seu tour pelo laboratório. Por unanimidade, decidiram sair, para se recomporem, o quanto podia ser possível, daquela visão aterradora.
Já fora do complexo, Nebo, falou:
- É, ou não é um circo dos horrores?
Ao que, Gilgamesh simplesmente responde:
- Cada vez odeio mais os Anunnakis!