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CAPÍTULO 70

Estavam chegando ao destino, a impaciência era visível no rosto de cada um.
A viagem foi longa, aumentada ainda mais pela curiosidade pelo que encontrariam. Formam um seleto grupo de cientistas, todos voluntários, todos jovens, cheios de sonhos, cheios de curiosidade pelo que irão encontrar, pelo que os aguarda neste exótico planeta recém descoberto, planeta este, a esperança de todos que viam seu planeta natal, agonizando.
O objetivo da equipe, formada por Botânicos, Químicos, Geólogos, Biólogos entre outros profissionais, era pesquisar o planeta em todos os seus aspectos, desde seus animais, suas plantas, seus minérios e quaisquer outras informações, que possam ser úteis para Nibiru e para seu povo.
Dentre estes cientistas está Nammu.
Desde que descobriram o novo planeta, ela o pressentia em seu destino. Alguma coisa parecia ligá-la a Nippur, nome dado ao planeta recém descoberto e que significa “Lugar de Passagem”. Um planeta extremamente gelado, envolto por uma enorme camada de gelo em sua superfície, o que do espaço lhe dá a aparência de uma grande bola branca
Talvez fosse a atração em pesquisar espécies totalmente diferentes das existentes em seu planeta, descobrir como seria sua estrutura genética, como suportavam viver em tão duras condições, como surgiram e evoluíram. Mas parecia que havia algo mais neste planeta, algo que ela não sabia explicar, algo forte a ligava a este mundo, e agora ela estava ali, prestes a desembarcar, não conseguia esconder a excitação.
A espaçonave começa a sacudir.
– Estamos entrando na atmosfera! – Gritou um empolgado Meteorologista – Pela resistência, é bem densa! – concluiu.
Porém ninguém se mostrou interessado em seu conhecimento neste momento. Viam-se por toda parte sorrisos nervosos, unhas sendo roídas, e outras reações que demonstravam o nervosismo dos cientistas presentes. Era algo inédito, nunca sua civilização lançou-se em tamanha aventura, e eles, eram pioneiros.
As sacudidas da espaçonave foram aos poucos diminuindo, até cessar por completo, nuvens surgiram do lado de fora, e aos poucos, os excitados cientistas começaram a ver do alto o solo do novo planeta.
E não era nada do que parecia do espaço.
Quanto mais a espaçonave aproximava-se do solo, mais os indícios de uma flora e uma fauna abundante despontavam. Um tapete verde se estende, contrastando com o azul das águas. Mais próximos do solo podem ver alguns animais que voavam tranquilamente, sem se importar com a espaçonave. A vida abunda por todo lado, e todos os cientistas estão boquiabertos com o que vêem.
Finalmente a espaçonave alcança o solo, o comandante passa orientações aos recém chegados para não se esquecerem de vestir seus trajes de sobrevivência. Ele serviria tanto para protegerem-se do frio como para evitar alguma possível contaminação, já que havia ainda a necessidade de um estudo mais aprofundado do planeta e de sua atmosfera, que poderia possuir alguma contaminação fatal para os Anunnakis.
O traje não era o que se pode chamar de confortável, também possuía design e cores de gosto duvidoso, mas manteria suas vidas.
Os trajes, assim como todo material de exploração espacial foram projetados e construídos tendo como único pré-requisito: a funcionalidade. Já que a exploração espacial não foi motivada simplesmente pela curiosidade, e sim pela necessidade, e uma necessidade urgente.
Os novatos foram recebidos pelo administrador da base que os dirigiu aos alojamentos, e indicou para cada um o seu aposento. Tudo era bastante improvisado, os prédios eram pré-fabricados e foram trazidos de Nibiru. Estavam realmente no começo da colonização. Também os informou que, dentro de duas horas, pelo fuso horário local, seria oferecida uma refeição pelo Chanceler e Regente de Nippur, Enlil, que lhes daria as boas vindas. Após todos iriam participar de uma palestra com orientações de como se portar no novo planeta para evitar perderem precocemente suas vidas.
O jantar ocorreu em um refeitório também improvisado. O local era onde os poucos desbravadores que estavam nesta parte do planeta realizavam suas refeições. A maioria estava trabalhando nas minas, batizadas de aralis, que ficam mais ao sul do planeta, onde é mais frio. O alto comando escolheu o melhor lugar para se instalar, um lugar mais quente, apesar de que, ainda muito frio para os padrões Anunnakis. Uma equipe de trabalhadores fora destacada para construir moradias, visando tornar a vida dos desbravadores mais confortável.
A refeição não foi nada sofisticada, comeram o alimento industrializado em seu planeta que é enviado periodicamente, sempre que ocorre a aproximação das órbitas dos dois planetas, para alimentar os trabalhadores de Nippur. A aproximação das órbitas ocorre a cada 3600 anos de Nippur, o que completa o período de um ano de Nibiru. Esta foi a forma encontrada para reduzir o gasto com as viagens entre os planetas, e também proporcionar mais conforto aos tripulantes que passam menos tempo dentro das espaçonaves, se deslocando entre os dois planetas.
Após a refeição, todos foram levados a um pequeno, e também improvisado, auditório onde o Chanceler Enlil imediatamente foi à frente para falar aos recém chegados.
- Caros Cientistas – começou, já com seu tradicional sorriso de político no rosto –, sejam bem vindos a Nippur!
Enlil é uma figura pública, e já bem conhecida de todos, ao menos pela mídia. Seu pai foi um grande Cientista e considerado um herói em seu planeta, se estavam ali agora e vivos, foi graças a ele, e a Anu, que depois tornou-se Rei. Enlil não seguiu o caminho de seu pai, mas obteve destaque mesmo assim, ainda jovem entrou para política, e trilhou um caminho de sucesso. Veio para Nippur como voluntário, ninguém entendeu o porquê, abrindo mão do segundo cargo mais importante de Nibiru, o de Primeiro Ministro.
Como bom político, possui uma aparência imponente, olhar firme e decidido, de quem dá ordens e exige seu cumprimento, sua voz inspira confiança, apesar de todos saberem bem quanta confiança inspira um político. Tem fama de autoritário. Havia rumores de Anunnakis que perderam tudo o que tinham e não mais conseguiram colocação em suas áreas de atuação por sua influencia, indo a completa falência, graças a não cumprirem suas ordens como deveriam. Algumas denuncias de ser o mandante dos assassinatos de desafetos, políticos ou não, também recaiam em seus ombros, mas, em todas as acusações, saiu como inocente.
- Nós temos hoje a oportunidade – continuou Enlil –, de extirparmos de uma vez por todas a preocupação sempre presente em nossa gente, que é a de um iminente fim. Este novo planeta que agora estamos, é a maior esperança de nosso povo. Mas de nada adiantaria este planeta, se não houvesse Anunnakis dispostos a transformar esta esperança em uma feliz realidade. Senhoras e Senhores, seus nomes irão entrar para história como heróis. Desbravadores, que encontraram neste pequeno planeta a cura para o nosso amado lar...
O discurso de Enlil se alongou por vários minutos, sempre com a intenção de motivar os recém chegados. Em seguida foi à frente o chefe de segurança de Nippur, que passou uma lista situações que deveriam ser evitados para sua própria segurança. Expôs o perigo dos grandes animais selvagens, falou também sobre o perigo do gelo e que a rotação do novo planeta é muito rápida, com grande alternância entre dia e noite. Falou da existência animais extremamente perigosos, e ainda não estudados a contento, e de alguns, que caçam somente no escuro e por isso deveriam ter cuidado especial neste período. Também passou ordem expressas do Chanceler deixando claro que ninguém deveria sair dos limites dos alojamentos sem sua prévia autorização.
Em seguida todos foram levados para conhecer melhor as instalações e seu local de trabalho, não deveriam perder tempo em começar as suas pesquisas. Para cada uma das especialidades já havia um moderno, apesar de improvisado, local de trabalho. Também foram designados alguns assistentes para auxiliar no trabalho de cada cientista.
Nammu recebeu um laboratório completo, com tudo que se podia ter de mais moderno para pesquisas genéticas, o que a deixou ainda mais empolgada. Foi apresentada a seus auxiliares, dois Técnicos em Genética, dois Analistas, entre eles Linsh, e um ajudante para os trabalhos mais braçais, como retirar amostras dos espécimes.

***

Toda angustia acumulada em seu peito, finalmente saiu.
O desabafo e a conversa sobre um assunto tão delicado fez muito bem a Nammu. No fim, ela saiu da casa de Linsh mais aliviada, com seu fardo menos pesado, e sentindo-se menos culpada.
Ela agradeceu a hospitalidade e os conselhos e foi embora, com um esboço de sorriso em seu rosto, coisa, que já nem lembrava mais como fazer. Linsh ficou à porta enquanto Nammu pegava um taxi, sempre apresentando um grande e carismático sorriso.
– Muito boa Anunnaki esta Linsh – pensou Nammu já no taxi –, devia tê-la procurado há mais tempo. Ela continua tão amiga quanto era em Nippur!
Quando o taxi desapareceu de vista, Linsh entrou e, foi imediatamente para um dos quartos de sua casa, que estava trancado a chaves. Dentro, havia um comunicador. Ela o liga, não precisa discar nada, a ligação se completa automaticamente. Quando alguém atende do outro lado, ela fala:
- Temos um problema com Nammu... ela está no limite, está querendo abrir o bico. Senhor, acho que chegou à hora!